A pandemia de Covid-19 trouxe uma série de mudanças para a vida das pessoas. E uma das maiores foi a forma de trabalhar.
Em 2020, empresas do mundo inteiro fecharam seus escritórios e, quase da noite para o dia, milhões de pessoas passaram a trabalhar de casa.
Foi nesse contexto que o home office deixou de ser exceção para se tornar uma realidade consolidada em muitos setores no Brasil. Passados cinco anos, muita coisa mudou, tanto na cultura das empresas quanto na legislação trabalhista.
Mas afinal: o home office veio pra ficar? Quais são os direitos e deveres atuais de quem trabalha de casa? E por que tanta gente anda desmotivada, mesmo com mais flexibilidade?
Você vai entender tudo isso neste artigo.
Como a pandemia mudou a forma de trabalhar
O home office já existia antes da pandemia, mas era usado por poucos. Com a chegada do coronavírus, ele virou solução emergencial, e depois, uma preferência.
Essa migração em massa trouxe duas ondas importantes:
- A Grande Renúncia, quando milhões de pessoas pediram demissão voluntariamente em busca de mais equilíbrio;
- E o Grande Desapego, que veio depois, com queda no engajamento, insatisfação e sobrecarga emocional.
O que parecia liberdade virou, para muitos, uma fonte de estresse silencioso: excesso de tarefas, expectativas altas e pouca estrutura. Isso exigiu uma resposta rápida das empresas e do próprio governo, para que o modelo pudesse continuar existindo com segurança jurídica e condições adequadas para os trabalhadores.
Como era o home office na pandemia vs. como é hoje
A tabela abaixo mostra as principais diferenças entre o início do home office e o cenário atual:
Aspecto | Durante a pandemia | Pós-pandemia (2025) |
Base legal | Medidas emergenciais ou ausência | Lei 14.442/22 + atualizações de 2025 |
Estrutura fornecida | Quase sempre por conta do funcionário | Reembolso ou fornecimento obrigatório |
Controle de jornada | Incerto ou inexistente | Exigência de cláusula contratual e controle |
Saúde mental e ergonomia | Pouco consideradas | Apoio psicológico e condições ergonômicas |
Direito à desconexão | Não previsto | Agora é um direito reconhecido |
Engajamento dos profissionais | Alta autonomia | Queda no engajamento e aumento do esgotamento |
Cultura empresarial | Adaptativa e flexível | Busca por eficiência, mas com desafios humanos |
O que diz a nova lei sobre o home office?
A Lei 14.442/22, chamada de Lei do Home Office, trouxe mais segurança para quem trabalha remotamente. E, em 2025, novas interpretações da Justiça do Trabalho reforçaram pontos essenciais:
- O home office precisa estar previsto no contrato ou em um aditivo;
- O trabalhador tem direito a reembolso de despesas, como internet, energia e equipamentos;
- Empresas precisam garantir ambiente ergonômico — seja fornecendo mobília ou ressarcindo o colaborador;
- O controle de jornada define se o trabalhador terá direito a horas extras;
- É assegurado o direito à desconexão: nada de mensagens ou cobranças fora do horário;
- Estagiários e aprendizes também podem atuar em home office;
- Há prioridade legal para PCDs e pais de crianças até 4 anos no regime remoto.
Direitos e deveres de quem trabalha em casa
Direitos:
- Reembolso de despesas operacionais;
- Jornada definida e horas extras (quando houver controle);
- Condições ergonômicas seguras;
- Vale-refeição e outros benefícios;
- Desconexão fora do expediente.
Deveres:
- Cumprir horários e metas;
- Utilizar os equipamentos com responsabilidade;
- Manter produtividade e disciplina;
- Reportar problemas técnicos ou de saúde.
O novo desafio: manter o engajamento em tempos remotos
Mesmo com leis mais claras e benefícios mais garantidos, muitas empresas têm enfrentado um problema sério: a queda do engajamento dos colaboradores.
Estudos mostram que o engajamento global caiu para 23% em 2023, segundo a Gallup. Parte disso é causado pela sobrecarga dos gestores intermediários, que não recebem suporte para manter suas equipes motivadas e produtivas.
Além disso, algumas empresas passaram a cobrar ainda mais “eficiência” — mas esquecem que a motivação é um fator direto na produtividade.
Dica prática para empresas: investir em cultura organizacional saudável, ouvir os colaboradores e treinar líderes pode ser o diferencial entre uma equipe comprometida ou uma equipe esgotada.
Conclusão
O futuro é remoto, mas ainda precisa ser humano. O home office não é mais novidade, é realidade. Mas para que ele funcione bem, é preciso mais do que internet e um notebook: é necessário estrutura, respeito à legislação e equilíbrio nas relações de trabalho.
Se você trabalha de casa, ou se sua empresa adota o modelo remoto, fique atento às novas regras e aos seus direitos.
E se algo estiver fora do que a lei determina, procure orientações de um advogado especializado em leis trabalhistas. Trabalhar em casa não pode significar abrir mão da saúde, da segurança ou do respeito.
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